Os brancos brasileiros têm indicadores de desenvolvimento humano maiores em todas as regiões e todos os Estados do país. Mas não apenas isso: os negros ainda não chegaram ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que os brancos tinham em 1991, primeiro ano da série histórica calculada pela ONU e apresentada no relatório Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente, lançado pela CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e pelo PNUD. Apesar de ter registrado uma evolução de 17,5% em 14 anos, o IDH dos pretos e pardos em 2005 (0,743) ainda é inferior ao registrado para os brancos em 1991 (0,763).
Os negros têm indicadores piores em todos os três itens que fazem parte do IDH (entenda a composição do IDH no texto ao lado), mas a diferença é puxada sobretudo pelo IDH-Renda (que leva em conta a renda familiar per capita). O índice de renda dos brancos em 2005 era 19,9% maior que o de negros. Nos outros componentes do IDH, a distância é menor: 9,1% no índice referente à educação e de 8,1% na longevidade.
“A distância ainda é muito grande, principalmente quando se trata de trabalho. Para se ter uma idéia, uma de cada cinco negras trabalhadoras é empregada doméstica [segundo a OIT], e apenas um de cada cinco empregadores é negro”, afirma Marcelo Paixão, professor de Economia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e especialista em desigualdade racial.
Os dados do relatório mostram um Brasil que tem, no topo, os brancos do Distrito Federal — IDH de 0,910, próximo ao da Coréia do Sul (0,921) e superior ao de Portugal (0,897). Na outra ponta, o pior índice é o dos negros de Alagoas, com IDH de 0,639, inferior ao de países africanos como Guiné Equatorial (0,642) e Namíbia (0,650).
Alagoas, além de ser o Estado onde os pretos e pardos têm pior índice, é também onde há mais desigualdade. O indicador de desenvolvimento humano dos brancos é 17,7% maior que o dos negros. Na outra ponta, da menor desigualdade, estão Rondônia e Amapá, onde a diferença é de 5,6%. A região com menor fosso racial é o Norte, onde o índice dos brancos supera em 7,2% o dos negros, e a com o maior fosso é o Sudeste (9,3%).
Os negros têm indicadores piores em todos os três itens que fazem parte do IDH (entenda a composição do IDH no texto ao lado), mas a diferença é puxada sobretudo pelo IDH-Renda (que leva em conta a renda familiar per capita). O índice de renda dos brancos em 2005 era 19,9% maior que o de negros. Nos outros componentes do IDH, a distância é menor: 9,1% no índice referente à educação e de 8,1% na longevidade.
“A distância ainda é muito grande, principalmente quando se trata de trabalho. Para se ter uma idéia, uma de cada cinco negras trabalhadoras é empregada doméstica [segundo a OIT], e apenas um de cada cinco empregadores é negro”, afirma Marcelo Paixão, professor de Economia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e especialista em desigualdade racial.
Os dados do relatório mostram um Brasil que tem, no topo, os brancos do Distrito Federal — IDH de 0,910, próximo ao da Coréia do Sul (0,921) e superior ao de Portugal (0,897). Na outra ponta, o pior índice é o dos negros de Alagoas, com IDH de 0,639, inferior ao de países africanos como Guiné Equatorial (0,642) e Namíbia (0,650).
Alagoas, além de ser o Estado onde os pretos e pardos têm pior índice, é também onde há mais desigualdade. O indicador de desenvolvimento humano dos brancos é 17,7% maior que o dos negros. Na outra ponta, da menor desigualdade, estão Rondônia e Amapá, onde a diferença é de 5,6%. A região com menor fosso racial é o Norte, onde o índice dos brancos supera em 7,2% o dos negros, e a com o maior fosso é o Sudeste (9,3%).
Desigualdade de cor em queda
O abismo racial em relação ao desenvolvimento humano, no entanto, diminuiu ao longo dos anos analisados pelo relatório (1991 a 2005). Em 1991, o IDH dos brancos brasileiros era 20,6% superior ao dos negros; em 2005, a proporção caiu para 11,8%. Em números absolutos, a distância recuou 32,5% no período.
A desigualdade caiu mais no IDH-Educação (que leva em conta freqüência à escola e alfabetização): em 2005 a distância entre brancos e negros era 49,3% menor que em 1991. No IDH-Longevidade (que considera a expectativa de vida ao nascer), a diferencia caiu 36,7% e no IDH-Renda, 12%. "Essa redução, principalmente na educação, se dá por conta de crescimento na taxa de escolaridade para os negros e na longevidade, porque houve queda da mortalidade infantil, que é altíssima entre negros", detalha Marcelo Paixão.
A discrepância entre o IDH dos dois grupos caiu mais no Sul (38,8%). Em 1991, os três Estados da região (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) estavam entre os cinco mais desiguais em desenvolvimento humano. Em 2005, nenhum deles continua na lista. O Centro-Oeste, onde a melhoria foi a menor (21,3%), conta com o Estado que menos evoluiu na questão – Mato Grosso reduziu em apenas 2,6% a desigualdade racial no IDH entre 1991 e 2005.
Apesar de a desigualdade ter diminuído em todas as regiões e todos os Estados, Paixão faz ressalvas. “Isso [a evolução mais forte dos negros desde 1991] também ocorre porque eles partem de uma base mais baixa. Por exemplo, se um lugar tem média de dois anos de estudo e, em uma década, pula para três anos de estudo, há uma evolução de 50%, considerada grande. Se outro lugar passa de seis anos para oito anos de estudo, só evoluiu um terço. Esse efeito ocorre também em relação a renda e longevidade”, argumenta.
A tendência, prevê o economista, é que o ritmo de queda da desigualdade perca força. “O ritmo da redução da diferença entre negros e brancos no IDH e em outros índices tende a diminuir conforme chegamos a questões mais profundas do racismo na sociedade.” O especialista avalia que a melhoria nos indicadores, até agora, é fundada em políticas como valorização do salário mínimo, programas de distribuição de renda e redução de mortalidade infantil. Segundo ele, essas políticas têm impacto nas desigualdades raciais, mas só até certo ponto. Desse ponto limítrofe em diante, afirma, só haverá redução significativa de desigualdade se houver políticas afirmativas, como cotas para negros, em vários setores.
A desigualdade caiu mais no IDH-Educação (que leva em conta freqüência à escola e alfabetização): em 2005 a distância entre brancos e negros era 49,3% menor que em 1991. No IDH-Longevidade (que considera a expectativa de vida ao nascer), a diferencia caiu 36,7% e no IDH-Renda, 12%. "Essa redução, principalmente na educação, se dá por conta de crescimento na taxa de escolaridade para os negros e na longevidade, porque houve queda da mortalidade infantil, que é altíssima entre negros", detalha Marcelo Paixão.
A discrepância entre o IDH dos dois grupos caiu mais no Sul (38,8%). Em 1991, os três Estados da região (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) estavam entre os cinco mais desiguais em desenvolvimento humano. Em 2005, nenhum deles continua na lista. O Centro-Oeste, onde a melhoria foi a menor (21,3%), conta com o Estado que menos evoluiu na questão – Mato Grosso reduziu em apenas 2,6% a desigualdade racial no IDH entre 1991 e 2005.
Apesar de a desigualdade ter diminuído em todas as regiões e todos os Estados, Paixão faz ressalvas. “Isso [a evolução mais forte dos negros desde 1991] também ocorre porque eles partem de uma base mais baixa. Por exemplo, se um lugar tem média de dois anos de estudo e, em uma década, pula para três anos de estudo, há uma evolução de 50%, considerada grande. Se outro lugar passa de seis anos para oito anos de estudo, só evoluiu um terço. Esse efeito ocorre também em relação a renda e longevidade”, argumenta.
A tendência, prevê o economista, é que o ritmo de queda da desigualdade perca força. “O ritmo da redução da diferença entre negros e brancos no IDH e em outros índices tende a diminuir conforme chegamos a questões mais profundas do racismo na sociedade.” O especialista avalia que a melhoria nos indicadores, até agora, é fundada em políticas como valorização do salário mínimo, programas de distribuição de renda e redução de mortalidade infantil. Segundo ele, essas políticas têm impacto nas desigualdades raciais, mas só até certo ponto. Desse ponto limítrofe em diante, afirma, só haverá redução significativa de desigualdade se houver políticas afirmativas, como cotas para negros, em vários setores.
Fonte: Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
Nenhum comentário:
Postar um comentário