



"Através da análise dessas imagens é possível identificar, localizar e monitorar todos os componentes do cenário de mobilização da força resistente, tais como tanques, barricadas, artilharia antiaérea e deslocamento de tropas, permitindo um melhor planejamento de ataque. Para Luis Leonardi, diretor da Intersat, a possibilidade de planejar forças e possíveis combates através do conhecimento preciso do posicionamento do inimigo faz do QuickBird uma das "armas" mais poderosas desta guerra."
"Pois assim é possível estabelecer um melhor uso dos recursos e dos instrumentos de ataque, combinando o uso dessas forças para que se atinja o resultado esperado com o mínimo de perdas, comenta Leonardi. O QuickBird possui resolução espacial de 60 centímetros, permitindo medições de ruas, contorno de edificações e até mesmo classificação de ocupação urbana."
"O satélite também é capaz de monitorar degradações ambientais, como desmatamentos e queimadas, além de levantar rapidamente grandes áreas, devido a sua grande capacidade de gravação a bordo. Em tempos de guerra, as imagens desse satélite são muito utilizadas para acompanhar a movimentação da força inimiga, sendo que ainda é possível visualizar áreas de produção de armamento, sistemas de transporte, bases navais e aéreas, forças de terra, mísseis, áreas de concentração de armamentos, quartéis generais, vilas militares, áreas de logística e operacionais."
Luiz Martins (GPS e Agricultura)
"As aplicações baseadas no GPS de agricultura de precisão estão sendo usadas para o planejamento de plantio, mapeamento em campo, amostragem de solo, direcionamento do trator, inspeção da colheita, tempos variáveis de aplicação e o mapeamento da produção. O GPS permite aos agricultores trabalharem durante condições de baixa visibilidade do campo, como chuva, poeira, névoa, e escuridão."
"No passado, era difícil para os agricultores correlacionar técnicas de produção e os resultados da colheita com as variações da terra. Isso limitava suas habilidades para desenvolver estratégias mais efetivas de gerencia do solo/planta que pudesse aumentar suas produções. Hoje em dia, a aplicação mais precisa de pesticidas, herbicidas e fertilizantes e um melhor controle da dispersão destas substâncias químicas são possíveis através da agricultura de precisão, consequentemente reduzindo despesas, produzindo um rendimento mais alto e criando uma fazenda ambientalmente mais amigável."
"A agricultura de precisão está mudando o modo como os agricultores e os empresários agrícolas estão visualizando a terra da qual retiram seus lucros. "
Em todos estes casos podemos observar como a Geografia ganhou importância, e seus usos foram diversificados. Da guerra à proteção ambiental, houveram evoluções das simples observações de campo para poderosos satélites de imageamento, e monitoramento.
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A favela da Rocinha em dois momentos distintos, anos 1930 e anos 1950: ausência do poder público gerou uma ocupação desordenada do local |
Apesar da precariedade, essas construções que seriam temporárias acabaram se tornando definitivas, embora sempre inacabadas, eternamente em construção. “Essa parece ser uma característica mais forte das casas de favela. Por mais que tenham sido iniciadas há muito tempo, na maioria das vezes a obra caminha devagar, tocada por partes, na medida em que surge maior folga no orçamento. Como há também a questão da família que cresce, da necessidade de mais um ou outro cômodo, a casa vai se adaptando, vai crescendo numa construção que nunca é concluída”, fala Duarte.
Na mesma velocidade com que a malha urbana da cidade ganhou outros contornos, as favelas também se expandiram. “Tal como a urbe medieval, que surgiu como um espaço acolhedor frente à estratificação do feudalismo, potencialmente enriquecedor, como ponto de encontro de pessoas diferentes, a favela também surgia tendo o homem como medida. Suas ruelas estreitas, como as das cidades medievais, são próprias para o trânsito de pessoas. Ao contrário do restante da cidade, onde essa medida passa a ser o automóvel”, prossegue o arquiteto.
Em oposição à cidade tradicional, cria-se uma cidade tecnificada, ditada pela mecanização da locomoção, que encurta as distâncias urbanas. Em compensação, a vida de bairro se esgarça, já que a intensificação do trânsito acaba expulsando a vivência de rua. “Foi o que aconteceu em Brasília e na Zona Oeste carioca, especialmente na Barra da Tijuca e Recreio, bairros que nasceram das pranchetas dos arquitetos, com grandes condomínios atravessados por longas vias expressas. Tudo passa a ser pensado em torno do automóvel – que tanto quanto meio de transporte individual é símbolo do status social de seus proprietários. Aqueles que não têm carro ficam excluídos, uma vez que o transporte coletivo nunca foi de qualidade, já que sempre foi voltado para as populações de baixa renda”, diz o pesquisador.
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“A princípio, as favelas foram ignoradas pela sociedade. No máximo, eram vistas com certo romantismo, de berço do samba e do carnaval. Num segundo momento, quando elas começaram a crescer, ocupando áreas em zonas nobres da cidade, passaram a ser vistas como um problema a ser extirpado. Tem início então a concretização de medidas de uma política de remoção”, explica Duarte. Quando essa política se mostrou inócua, tomou forma o pensamento de que o próprio crescimento da malha urbana serviria para absorver favela. “Mas o que se está vendo é justamente o contrário. Hoje, essas comunidades estão incorporadas à paisagem do Rio e não é mais possível pensar em erradicação, mas em soluções que as transformem em bairros populares”, fala.