Na África, riqueza não traz um bom IDH
Exportações de petróleo e diamante elevam renda per capita de Gabão, Guiné Equatorial e Botswana, mas condições sociais são ruins.
Bons resultados econômicos não garantem a melhoria de condições sociais em países africanos, apontam dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado este ano. Em três nações, Gabão, Guiné Equatorial e Botswana, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita chega a ser comparável ao de países ricos da Europa, mas no ranking que considera taxas de analfabetismo e de expectativa de vida, os países ficam nas últimas posições.
O IDH é uma combinação dos três fatores (renda, educação e longevidade). Na dimensão de renda, que considera apenas o PIB per capita corrigido pelo poder de compra, a Guiné Equatorial tem 0,935 numa escala que vai de 0 a 1. O valor é parecido com o de países como Itália, Espanha e Japão. O mesmo acontece com o Gabão e Botswana, com índices de 0,827 e 0,809 (perto da Rússia). Apesar disso, enquanto a Espanha tem índice de longevidade 0,928, o maior índice entre os africanos citados é 0,522, do Gabão (o que equivale a uma expectativa de vida de 56 anos, contra quase 81 anos da Espanha). Num ranking de 179 países, nenhum deles está acima da 145ª posição em longevidade. Botswana é o pior caso: ocupa a 57ª posição em renda, mas a 121ª em educação e a 164ª em longevidade (expectativa de vida de 49 anos).
Outros países como Angola e África do Sul passam por situações semelhantes. Apesar de não terem PIB tão elevado, há grande diferença entre a dimensão que considera a renda e os fatores de educação e longevidade. Os sul-africanos ficam em 76º lugar no ranking do PIB, mas em expectativa de vida ocupa o 173º lugar (50 anos de expectativa de vida). Angola está na posição 107 com relação ao PIB, com taxas de crescimento de 16% ao ano. Ainda assim, sua expectativa de vida é de apenas 42 anos e em educação ocupa a 23ª pior posição.
“Nesses países há dificuldade de os recursos chegarem em programas sociais e são poucos os Estados africanos que tem uma preocupação social maior”, diz o pesquisador Pio Penna Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. De acordo com Penna Filho, na maioria desses países, a economia vem de recursos naturais, e o Estado investe mais na infraestrutura e na melhoria da exploração desses recursos. No Gabão e na Guiné, o petróleo é o maior motor da economia. Em Botswana, há grandes reservas de diamante.
Faltam índices para medir a desigualdade nesses países, mas prova de sua intensidade é que, mesmo com a riqueza vinda da exploração de petróleo e diamante, os três países têm algumas das piores expectativas de vida do mundo. Isso porque algumas condições de saúde são precárias: números de 2004 indicam que 57% da população na Guiné não tinha acesso a água de qualidade e o país tem a oitava pior taxa de mortalidade infantil do mundo.
Penna Filho afirma que o fortalecimento dessas economias não resultou em instituições fortes e que casos de corrupção ainda drenam recursos que seriam fundamentais ao desenvolvimento. No Gabão, o ex-presidente Hadj Omar Bongo Ondimba governou por 40 anos, mesmo acusado de fraudes em eleições. Desvios de recursos do petróleo na Guiné Equatorial também já foram denunciados por ONGs como a Human Rights Watch. Em outros lugares, como a Angola, só muito recentemente se encerraram conflitos internos e países mais desenvolvidos passaram a investir na região. O professor diz que ocorre uma “redescoberta” recente da África por investidores da Europa e Estados Unidos, mas por mais que esses países tenham altas taxas de crescimento, isso ainda não trouxe estabilidade e as melhorias não chegaram à base da população.
Fonte: SOUSA, D. PrimaPagina. Na áfrica riqueza não traz um bom IDH. Nova York – PNUD. 080/09/2009 (http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3280&lay=pde).
O IDH é uma combinação dos três fatores (renda, educação e longevidade). Na dimensão de renda, que considera apenas o PIB per capita corrigido pelo poder de compra, a Guiné Equatorial tem 0,935 numa escala que vai de 0 a 1. O valor é parecido com o de países como Itália, Espanha e Japão. O mesmo acontece com o Gabão e Botswana, com índices de 0,827 e 0,809 (perto da Rússia). Apesar disso, enquanto a Espanha tem índice de longevidade 0,928, o maior índice entre os africanos citados é 0,522, do Gabão (o que equivale a uma expectativa de vida de 56 anos, contra quase 81 anos da Espanha). Num ranking de 179 países, nenhum deles está acima da 145ª posição em longevidade. Botswana é o pior caso: ocupa a 57ª posição em renda, mas a 121ª em educação e a 164ª em longevidade (expectativa de vida de 49 anos).
Outros países como Angola e África do Sul passam por situações semelhantes. Apesar de não terem PIB tão elevado, há grande diferença entre a dimensão que considera a renda e os fatores de educação e longevidade. Os sul-africanos ficam em 76º lugar no ranking do PIB, mas em expectativa de vida ocupa o 173º lugar (50 anos de expectativa de vida). Angola está na posição 107 com relação ao PIB, com taxas de crescimento de 16% ao ano. Ainda assim, sua expectativa de vida é de apenas 42 anos e em educação ocupa a 23ª pior posição.
“Nesses países há dificuldade de os recursos chegarem em programas sociais e são poucos os Estados africanos que tem uma preocupação social maior”, diz o pesquisador Pio Penna Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. De acordo com Penna Filho, na maioria desses países, a economia vem de recursos naturais, e o Estado investe mais na infraestrutura e na melhoria da exploração desses recursos. No Gabão e na Guiné, o petróleo é o maior motor da economia. Em Botswana, há grandes reservas de diamante.
Faltam índices para medir a desigualdade nesses países, mas prova de sua intensidade é que, mesmo com a riqueza vinda da exploração de petróleo e diamante, os três países têm algumas das piores expectativas de vida do mundo. Isso porque algumas condições de saúde são precárias: números de 2004 indicam que 57% da população na Guiné não tinha acesso a água de qualidade e o país tem a oitava pior taxa de mortalidade infantil do mundo.
Penna Filho afirma que o fortalecimento dessas economias não resultou em instituições fortes e que casos de corrupção ainda drenam recursos que seriam fundamentais ao desenvolvimento. No Gabão, o ex-presidente Hadj Omar Bongo Ondimba governou por 40 anos, mesmo acusado de fraudes em eleições. Desvios de recursos do petróleo na Guiné Equatorial também já foram denunciados por ONGs como a Human Rights Watch. Em outros lugares, como a Angola, só muito recentemente se encerraram conflitos internos e países mais desenvolvidos passaram a investir na região. O professor diz que ocorre uma “redescoberta” recente da África por investidores da Europa e Estados Unidos, mas por mais que esses países tenham altas taxas de crescimento, isso ainda não trouxe estabilidade e as melhorias não chegaram à base da população.
Fonte: SOUSA, D. PrimaPagina. Na áfrica riqueza não traz um bom IDH. Nova York – PNUD. 080/09/2009 (http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3280&lay=pde).
professor,essa é o texto da prova da 6??até que ta mais ou menos
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